Cartas
Quem me dera ser Álvaro de Campos
Quem me dera você perceber meus sonhos
Pois assim aquelas cartas ridículas
Talvez hoje pudessem unir nossas vidas.
Que a loucura dessas velhas cartas
Se não for entendida que ao menos seja perdoada
Pois assim como Oswaldo Montenegro falou
Minhas duas metades são o amor.
E o que é o amor senão uma loucura?
Tão explorada por Clarice Lispector diante de sua procura
De romper o limite daquilo que faz sentido
Já que o amor é uma verdade em conflito.
Conflito, palavra enigmática
Que segundo minha gramática
Sempre será acompanhada do verbo amar
Que por sua vez pede o complemento lutar.
De nada sei do amor além do que senti por você.
De amante nunca me fiz por merecer,
Vagabundo e sonhador.
Fui um poeta que acreditou no amor
E que em cartas decretei minha perdição
De amá-la e vê-la desejar outro coração.
Posso até cometer um sacrilégio
Mas quando eu disser: “Eu deixo a vida como deixa o tédio”
Que ao menos Álvares de Azevedo
Compreenda meu medo
De olhar para o horizonte como quem busca um caminho
E logo depois perceber que está sozinho.
Lucas da Silva e Silva.
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