Morre hoje, ou melhor, deixou de viver mais um poeta: José Saramago. Foi viver outra vida, seu corpo físico parte, mas, com certeza sua vida permanecerá eterna entre nós em suas palavras. Para ser escritor, mas, escritor de verdade não basta ser escritor, não basta técnicas, tem que sentir, respirar e absorver o que escreve, tem que viver, tem que amar, tem que sofrer e sofrer muito nesta vida para ser sensível o suficiente para sorrir com o pouco que se torna muito diante dos olhos de um sonhador que nada tem além de sonhos.
Ser escritor às vezes é ter milhões de fãs e ser sozinho quando se é escritor de verdade, pois, escritor de verdade não escreve, sente e sentindo escreve; mas, não escreve para vender livros acima de tudo escreve porque ama e o seu amor junto com seu sofrimento todo escorre entre seus dedos.
Você pode amar um escritor de verdade, mas, pode odiá-lo pelo mesmo motivo: por aquilo que ele escreve. Mas, para ele tanto faz ele é aquilo e pronto você não pode mudar a composição que faz a alma de um poeta em suas poesias. Imagino que deve ser excitante a vida ao lado de um escritor de verdade, afinal o que ele é? Escritor? Poeta? Não, isso é pouco, ele é tudo o que ele vive, tudo o que ele imagina, tudo o que ele sente e tudo o que ele toca. Ele é ladrão, mocinho, cafajeste, cavalheiro, lunático, lúcido, ele é você, eu... dentro do seu Universo ele é Deus, tudo pode em seus sonhos, em sua palavras que ultrapassam o branco e preto do papel e te pegam de jeito assim pela frente, mas, sem sua concessão, te dizem coisas que mechem com você e depois disto tudo é tarde demais ou cedo demais você já está condenada a viver dentro duma intensa poesia.
Vai com os Anjos José Saramago um dia contaremos histórias entre as nuvens.
Lucas da Silva e Silva
Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…) |
— Saramago, A Jangada de Pedra, 1986 |
8 comentários:
Olá,
Também acabo de postar uma singela homenagem ao poeta...Eles não morrem, viajam eternamente pelas memórias deste universo.
Abraços,
Puxa, ouvi a nóticia hj de manhã na rádio... sabia que fiquei chateada? É sempre ruim qdo perdemos grandes pessoas! Mesmo que elas não sejam assim "conhecidas" nossas...
beijão
Foi hoje agraciar outro mundo um grande homem...
Um homem que não teve medo de por em palavras seus medos e pesadelos assim com seus sonhos e desejos criando universos nos quais nunca cansamos de nos perder...
Mais fica para aqueles que tem emoção a enormidade da razão ao dizer que escrever é o dom de viver...
;*
Muito bom, carregado se sensibilidade.
Beijos
"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais." (José Saramago)
Para si, será sempre mais um dia nos nossos corações...Até sempre José Saramago....
Oi Lucas, hoje conseguiste comover-me, não estava à espera de, num blog brasileiro, encontrar uma homenagem a um homem fantástico, polémico, contestado, odiado, amado, tão importante na vida de Portugal, e que felizmente foi reconhecido pelo mundo em 1998 com o Nobel da Literatura.
Beijinhos para ti e OBRIGADA!!!!
Me surpreendi com a morte de José Saramago, pois poucos dias antes eu tinha ido à locadora à procura da versão cinematográfica de "Ensaio Sobre a Cegueira", e tinha me decidido a procurar o livro algum dia para (finalmente) ler.
Tenho de citar Fernando Meirelles: "A lucidez naquele grau é um privilégio de poucos, não consigo escapar do clichê, mas definitivamente o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje".
Isso já é o suficiente para dizer, e me sentiria impotente ao tentar falar alguma coisa sobre essa perda.
Que lindo isso T_T
Ele merece.. ):
Beijos :*
Oi Lucas, mais uma vez obrigada pela visita, mas terminaste a dizer "curti esse autor", estavas a referir-te a Saramago?
Foi uma grande perda para a cultura portuguesa e mundial, que teve a sorte de ter sido reconhecido com o Nobel da Literatura. Se não fosse por isso, seria mais um "ilustre desconhecido". Ontem e hoje as obras dele esgotaram nas editoras Portuguesas....porquê? Ele viveu tantos anos...Ficará na nossa memória.
Beijinho e mais uma vez obrigada!!!
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